segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Estou em um carro voltando para casa, a chuva cai forte, ligo o som, e está passando aquela música, tão nossa, meu pensamento está em algum lugar lá fora, exatamente onde você se encontra. Tento acreditar que você está pensando em mim, mas me parece loucura gostar de alguém assim tipo você, carros passam na estrada e fico imaginando que você está com o seu, dirigindo por algum lugar dessa cidade caótica. Queria acreditar que você me deseja da mesma forma que eu lhe desejo, que você sonha com nosso encontro. Namorar você talvez tranquilizasse meu coração, por um momento, mas a incerteza dos nossos destinos, o deixaria pior, pois não sei se sobreviveria sem poder lhe tocar, então realmente assim é melhor. Penso se o certo não seria sumir da sua vida, deixar tudo para traz e esquecer-te totalmente, logo percebo que é um erro porque eu já sou estranhamente sua, e você é meu.
A chuva vai se tornando intensa, junto com minhas lágrimas, pessoas me perguntam o que está acontecendo, mas não adiantaria falar, porque ninguém entende ninguém nunca entenderá me pergunto se isso é amor, mas não consigo responder, talvez seja, ou talvez eu esteja me iludindo, só o tempo poderia dizer, mas tempo é uma coisa que eu não disponho no momento, me pergunto se devo voltar e buscar o meu ex uma última vez, talvez fosse o certo, já que ainda alimento um sentimento por ele, então percebo que estou buscando uma desculpa para negar o evidente, estou buscando em uma ilusão do passado uma desculpa para não assumir o que sinto agora, mas como saber se o que sinto agora não é uma ilusão? Percebo que estou ficando sem nexo, olho para o relógio, já é noite, o frio me abraça, enquanto recordo o calor do seu abraço com que outrora senti em sonhos. Sonhos que agora mais que nunca, sei que jamais se tornarão realidade, porque o meu tempo está se esgotando, olho o relógio mais uma vez, talvez ainda me reste alguns minutos, pego o telefone na intenção de te ligar mas não tem sina no celular, talvez seja porque esse vai ser o fim, o nosso fim doloroso, sem direito a despedidas, o frio está aumentando, é o momento mais difícil, desculpe por não cumprir minha promessa de lhe esperar, você vai entender, um dia, quando a dor passar, você vai entender. Era o necessário, se tornou o necessário depois daquela nossa ultima conversa, depois que você decidiu brigar comigo, você me ligou, mais já era tarde, e eu não quis atender, pois estava me preparando para este momento, você sentiu ciúmes, e eu não havia feito nada, talvez tenha me precipitado em tomar essa decisão, mas precisava fazer isso para a dor passar, porque você havia me ferido com toda aquela desconfiança. Lamento partir antes do nosso tão esperado encontro, mas não faria sentido continuar, não depois de tudo que foi dito, de tudo que não foi dito.
A chuva está parando, seco minhas lágrimas, olho o céu, está voltando a ser estrelado, talvez eu esteja me arrependendo, mas está um pouco tarde para isso. Vai ser bom ver o céu com aquela lua linda brilhando uma ultima vez, talvez ainda dê tempo...
Fecho os olhos e me recordo de toda a nossa historia, gostaria de levar isso comigo para o lugar que estou indo. Agora já sinto o veneno começando a fazer efeito, o punhal ainda estava na bolsa, para o caso de alguma falha, mas sei que não vou precisar dele. Preciso de você, só disso. Mas não poderei ter você nunca, nunca. A lua começa a aparecer, olho uma ultima vez para o relógio, está na hora, fecho os olhos e penso em você, lembra que te disse que te conhecia de outra vida? Compreendo que isso é real, você é minha outra parte, minha metade, um pedacinho chamado alma fragmentada, que habita dois corpos, metade no meu, metade no seu, ambas se complementando. Lamento que você não tenha agora seus superpoderes que tivera há muito numa vida passada, pois sei que você estaria aqui para me salvar dessa cilada, me impedindo de fazer tamanha idiotice.
Recordo de todas as nossas vidas juntos, nos reencontramos uma vida após a separação de nossas almas, foram sete vidas desde então, sete corpos diferentes que alimentaram nosso amor, sempre achei esse número forte, mas não imaginava que seria o número que marcaria nossa despedida definitiva. Este último corpo era confuso, não devia ter habitado ele, foi lamentável, e tive de tomar a decisão errada, aquele corpo pedia por isso, e agora eu não te veria mais. Todos conseguem uma segunda chance, mas não quem tira sua própria vida, eu estava condenada. Tudo foi se tornando negro de repente, negro, muito negro. Sinto uma ultima vez o meu sentimento por você pulsar. E então tudo se encerra, ficando apenas a escuridão.
por: Aninha Brisda